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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Maria Bonita

Imagem do site iStockphoto.

Era uma vez… uma menina muito sonhadora, os seus olhos eram claros como a sua alma pura e neles, o seu carácter resplandecia. Era inteligente, determinada e activa, mas também muito dispersa, distraída e ingénua. O seu nome era Maria e via sempre o lado bom das pessoas, nunca via o seu lado obscuro e pérfido. Era por isso que o povo a chamava “Maria Bonita”.

Maria, não tinha pai nem mãe. Os seus pais tinham falecido num acidente de viação. Desde então, vivia desde os seus 2 anos de idade com sua tia-avó Felismina, que a tratava com muito amor. Todas as noites quando deitava a menina para dormir, contava-lhe uma história e todas começavam sempre com o célebre “Era uma vez…”, a personagem principal era sempre uma menina, ou uma mulher forte e corajosa que vencia as adversidades da vida com a Fé em Deus e no fim, todas as histórias terminavam com um “…e viveu feliz para sempre, lutando pelos seus sonhos abençoada por Deus.” A sexagenária e viúva, queria que a menina crescesse forte e corajosa, mas que nunca deixasse de acreditar e nem perdesse a Fé em Deus. Ela acreditava que um dia este ensinamento lhe seria útil, principalmente quando lhe faltasse. Era por isso que lhe contava aquelas histórias, de modo a prepará-la para o futuro.

Certa manhã, Maria entra na cozinha com seu ar angelical e diz para Felismina:

─ Avó Mina, hoje tive um sonho muito bonito ─ disse com seu olhar sonhador.

─ Ah, sim, Amor? O que sonhaste? ─ Perguntou Felismina, encantada com a menina.

─ Sonhei que estava num barco muito grande, daqueles que as pessoas passeiam e viajam para longe, sabes quais são Avó?

─ Sei sim, Amor. Era um cruzeiro?

─ Sim, sim, acho que era um barco desses porque tinha piscina!

─ Então e depois, o que aconteceu a seguir?

─ Depois, apareceu Jesus.

─ Apareceu Jesus! Que bom, Amor e Ele falou contigo?

─ Falou, sim, Avó.

─ E o que é que Ele te disse?

─ Disse-me que vai correr tudo bem, depois abraçou-me e acordei.

Ao dizer isto, o seu rosto iluminou-se e uma luz dourada envolveu todo o corpo da menina. Nesse momento, Felismina percebeu que estava algo para acontecer… Seguidamente, a menina saiu lá para fora para brincar. Ela sabia também que Maria era uma criança diferente de todas as outras, desde o primeiro momento que a vira e a pegara ao colo, ela soube-o. E de facto, assim era.

Felismina, ficou preocupada com aquele sonho que Maria tinha tido e durante meses pensou naquilo. Receava que tivesse na hora de partir e tivesse que deixar a menina sozinha, sem ninguém. O que seria dela com apenas 7 anos? Estava com 70 anos e sabia que a qualquer momento poderia partir. Deus chamá-la-ia. No entanto, nada de mal lhe aconteceu nos meses seguintes e ela acabou por esquecer o sonho.

Dez anos passaram e Maria tornou-se numa jovem mulher muito bonita. Não era muito alta, tinha cabelos castanhos dourados aos caracóis e o corpo bem delineado. Era responsável, corajosa, generosa e ajudava toda a gente. O povo gostava dela, sobretudo os homens que a olhavam com malícia mas ela, além de não estar interessada neles, também não percebia o sentido das suas intenções.

Entretanto uma sucessão de acontecimentos bastante perturbadores, desabaram sobre Maria, como uma autêntica bola de neve que tomou proporções devastadoras transformando-se numa enorme avalanche. Eram chegados novos momentos de provações para Maria, não só a nível familiar, como a nível profissional e económico. Tudo começou num dia frio de Janeiro, ao chegar a casa numa certa tarde a tristeza abateu-se sobre ela, quando encontrou morta Felismina, sentada no sofá da sala. Tinha falecido com um enfarte fulminante.

Dias depois a fábrica de calçado onde Maria trabalhava abriu falência, devido à recessão que Portugal atravessava e portanto, juntamente com centenas de trabalhadores foi despedida. Sem trabalho e sem dinheiro, não tardou que Maria perdesse a casa onde morava há quase 15 anos.

Como haveria ela de sobreviver, agora sozinha sem a “Avó Mina” que tanto amava, sem casa, sem trabalho e sem dinheiro?

Uma vizinha acolhera-a em sua casa por algum tempo, até que conseguisse orientar a vida. Porém, os seus tenros 17 anos e a sua pouca instrução literária, dificultavam para que consiga encontrar um emprego decente. As propostas que recebia eram para trabalhar em casas noturnas com fama duvidosa e isto, Maria tentava a todo o custo resistir mas era cada vez mais difícil…

Apesar de ter esperança e fé, ela era uma pessoa optimista, mas começava a sentir-se deprimida e desmoralizada. Não sabia o que fazer. Dois meses haviam passado e nada de emprego. Até que numa noite, Maria teve um sonho e uma voz sussurrou-lhe ao ouvido para que fosse à estação de comboios, apanhasse o comboio para norte e depois o barco grande com o desenho de uma sereia azul. A seguir, a voz disse-lhe: “Confia, vai tudo correr bem”.

Maria acordou e sem pensar, fez o que lhe foi dito no sonho. Ao chegar à estação de comboios, encontrou caído no chão um bilhete. Ela apanhou-o e fez a viagem, o destino era o Porto. “Obrigada, Senhor.”, agradeceu em pensamento a Deus e adormeceu profundamente. Só acordou, ao chegar ao seu destino, acordada pelo revisor.

A sorte de Maria continuou, ao chegar ao cais localizou imediatamente o barco do sonho. Chamava-se “Sereia Azul dos 7 Mares” e era um cruzeiro. À socapa, conseguiu entrar no barco e fez a viagem clandestinamente. De noite, esgueirava-se cautelosamente em busca de comida. Umas vezes tinha sorte, outras não.

Maria não soube ao certo quanto tempo durou a viagem até que o barco atracasse para fazer escala, mas mal ele parou ela decidiu sair e respirar ar puro, conhecendo aquele novo país. Porém, perdeu-se na cidade desconhecida e o cruzeiro prosseguiu viagem deixando-a ali… Desta vez, Maria não aguentou mais e chorou desesperada. Estava no Brasil, tão longe de casa…

No entanto, do lado de lá da estrada à porta do restaurante Flor de Maracujá, o Sr. Marcelo Stefano observava a jovem do outro lado da rua. Limpou as mãos ao avental e foi ter com a moça, queria ajudá-la se ela permitisse. E realmente Maria aceitou a ajuda do Sr. Marcelo que não só lhe deu guarida, como trabalho na cozinha.

Dado o facto de fazer doces muito bem, Maria começou a fazer as sobremesas do restaurante, usando algumas receitas que a sua tia-avó lhe ensinara. Os seus doces tornaram-se um sucesso e então, Maria teve a brilhante ideia de criar uma receita nova para um bolo de chocolate.

Subitamente, um cliente habitual e muito importante, chamou o empregado e pediu para chamar a pessoa que havia confecionado aquele bolo de chocolate. Preocupado, o gerente foi falar com o cliente:

─ Boa tarde, Sr. Silva.

─ Boa tarde, foi o senhor que fez este bolo de chocolate?

─ Na verdade, não. Não fui eu… Mas… está tudo bem?

─ Sim, está. Poderia falar com a pessoa que fez o bolo?

─ Se houver algum problema…, eu posso resolver…

─ Ouça, já falei: não tem problema nenhum! Só quero falar com quem fez o bolo! Entendeu? Por favor.

─ Com licença, vou chamar então… ─ disse o gerente aflito e foi chamar Maria, que imediatamente foi com o gerente falar com o Sr. Silva.

─ Sr. Silva, por gentileza, esta é Maria. Foi ela quem fez o bolo.

─ Muito prazer, Maria ─ respondeu Roberto da Silva.

─ Boa tarde, Sr. Silva. Espero que a sobremesa esteja do seu agrado… ─ respondeu Maria, nervosa e baixando timidamente os olhos.

─ Está óptimo, chamei-a aqui porque quero parabenizá-la pelo delicioso bolo! Ô trocyn bão, que gostosura de bolo.

Seis meses depois, os bombons de chocolate da marca “Ô Trocyn Bão” era um estrondoso sucesso! A vida de Maria deu uma volta de 180º, graças à sua deliciosa e original receita de chocolate. Abriu uma fábrica de chocolate, que recebia encomendas do mundo inteiro.

Maria e Roberto casaram, vivendo felizes para sempre com a sua pequenina e linda filha, Mina.

Fim

***


Este conto faz parte da Gincana Virtual, do blog Ô Trocyn Bão, organizada pelo amigo Thiago. Visitem o blog em www.riosul2012.com, leiam as participações e votem em qual gostarem mais.

Link da minha participação:

Se alguém votar em mim, ficarei muito feliz e agradecida.

Obrigada.

Abraço a todos,

Cris Henriques

13 comentários:

  1. AAAAAAAAhhh que lindo amei de mais!!!!! Muito bom, no inicio do conto eu já estava arrupiando aqui e foi assim até o finalzinho, sem conseguir para!!! Ótimo!!!

    ResponderEliminar
  2. Oi Cris!
    Que conto lindo e emocionante.
    Gostei muito e já votei em vc.

    P.S:
    Ganhei um selinho e repasso a vc porque seu blog é instrutivo,criativo e encantador.
    Fique à vontade para aceitá-lo ou não.
    Abraços \o/

    ResponderEliminar
  3. Venho parabenizá-la pelo belíssimo conto minha querida. E já deixeu meu recadinho lá na sua postagem da gincana. Minha participação foi publicada hoje. Já leu? Um poeminha bem estiloso. Pra descontrair a galera. Beijokas minha amiga e boa sorte!

    ResponderEliminar
  4. Que história linda,Cris!


    Parabéns!

    Bjs

    Donetzka

    ResponderEliminar
  5. Oi Cris
    Adorei seu conto, mas lá você deu um outro final, ou estou ficando doida?
    Aquela outra postagem: A procura da felicidade que você leu, foi o conto que participei no JRViviani, você esqueceu de mim lá, né? Eu nunca a esqueço.
    O seu conto foi nota mil
    Parabéns
    Lua Singular

    ResponderEliminar
  6. Olá Cris, passei aqui para reler o texto que me intrigou, rsrs

    Também passei para te convidar a conhecer meu novo blog Espaço Equilíbrio, onde falarei um pouco da minha ´profissão.

    Bjos
    Mynda
    http://massovita.blogspot.com.br/

    ResponderEliminar
  7. Que fofura de história!!!
    Adoro qdo tudo termina bem...
    Que graça, Cris!

    Beijos

    ResponderEliminar
  8. Oi amiga, tudo bem? Vim agradecer sua
    visita e comentário em meu blog e lhe
    desejar um ótimo fim de semana.
    Também gostaria de dizer que tem
    postagem nova em meu blog, se puder
    fazer uma visitinha, ficarei muito
    feliz. Abraços do amigo Bicho do
    Mato. Até mais.

    ResponderEliminar
  9. Adorei Cris ficou ótimo o Thiago deve estar feliz da vida com esta gincana, vou votar em vc demais seu conto.

    ResponderEliminar
  10. Que graça Cris! Houve muita criatividade da sua parte. Confesso que imaginei outro final, mas este ficou sensacional. Parabéns mesmo!

    ResponderEliminar
  11. Oh minha linda.. ficou maravilhoso..
    Como sempre uma bela participação.
    Adorei a história e o final ficou perfeito..
    Indo agorinha mesmo votar rsr
    Beijokas

    ResponderEliminar
  12. Olá, Cris.
    Maravilhoso seu texto, parabéns.
    A gíria "trocin bão" é bem típica de Minas Gerais e Goiás, e é muito usada pala amiga Joicy, do blog Umas e Outras.
    Abraço.

    ResponderEliminar

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